sábado, 14 de janeiro de 2006

Transitivo

Transitivo





Costumava ser mais facil: sorria docemente, se movia com malemolencia, falava baixinho, com voz fina. Transava gemendo, olhando nos olhos e prendendo com as unhas. Se entregava, se desfazia, se sumia por inteiro. Um banho de paixao, suor e outros fluidos.

Agora, nao sabe dizer o que foi que lhe sucedeu pra que tudo se alterasse tanto. De fato, nada acontece da mesmo forma. Pode se despir o quanto quiser, nunca apresenta sua nudez. Pode se deixar abracar o tempo todo, nunca sente toque nenhum. Mas o pior de tudo: nao olha na cara de ninguem com quem va pra cama. Conversa, sim, com algum interesse (e certo fastio), ja que procura ser gentil. Mas nao encara, isso nao. Parece-lhe estranho que olhos devam se encontrar... Nao ha nada pra ver, nada que mereca ser lembrado. Se abrir os olhos, olha o teto; nao por esse ser mais digno de seus olhares que um amante, nao e, mas ele, ao menos, nao vai corresponder.

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