quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

Palcidez abissal

Placidez abissal



Cinco dias se passaram e já não se lembra com clareza do ocorrido. Não que tenha esquecido, mas os detalhes se embaralhavam em sua mente. Aconteceu. Como? Não sabe dizer. Acha que talvez não tenha dado ao caso a relevância merecida; sente uma pontinha fria de culpa por isso.


Apenas uma pontinha, no meio do mar plácido das possibilidades. A ponta de gelo que não revela a grandeza do iceberg, que está muito fixo, na mais abissal das profundezas da alma.
Mas não percebe isso, não com essas palavras... Nem com quaisquer outras. Sente, sim, uma estranha tensão sobre os ombros e a musculatura do pescoço, agora muito mais rija que o normal.


E dores de cabeça também, terríveis enxaquecas. Mas essas não são pela amiga culpa; talvez o fato de cinco dias atrás, convertido em dor, em vez de lembrança, lhe tomando todos os instantes do dia.


Será? Ou estará se confundindo? (Às vezes um charuto é apenas um charuto...) Na dúvida, toma um comprimido e se veste de cinza, que é cor do trabalho mais sério.

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