O caso era que ela não queria que alguém a fizesse feliz de verdade. E tinha uma justificativa muito boa para isso, que ser feliz não é justo. A recusa era tão inexorável e legítima que nada havia a se fazer: amá-la era tudo.
Minha grande questão existencial girava de fato em torno disso: aceitar a dor que a responsabilidade de amá-la me infligia ou procurar a felicidade e ver a leveza das coisas. Então eu estava diante de uma coisa tão complexa, tão profunda... Dava preguiça só de pensar. Porque quando alguém como eu ama uma mulher, quer ficar junto e pronto. Pronto! Tenho modos discretos, não gosto de brigar, nem de me promover, nem de me expor... Mas quando alguém como ela se apaixona, daí, é cena de cinema engajado. Ela quer peitar o mundo, peitar mesmo, com a propriedade de quem tem um par de peitinhos bem delicados mas não teme destruí-los em nome de uma coisa maior. Eu acho até que ela ressignificou aquela coisa de sair com o peito aberto ou queimar o soutien. Tinha lá uma confluência louca de desejo e carinho e a força para transcender as barreiras de um tempo. Lindo... lindo... lindo...
Mas essa transcendência fazia com que não pudéssemos ser felizes. Vinha bem de encontro à minha discrição – que ela chamava de vergonha – e meu auto-protecionismo – que ela chamava de egoísmo. E felicidade, eu queria tanto por que era alienada... Afinal, ser feliz num mundo tão preconceituoso era fugir aos problemas... Era NEGATIVO.
Saí da vida dela achando que as melhores garotas são as mais complicadas. Mas agora que estou grávida de meu primeiro filho, desejo intimamente que ela leve a cabo cada um de seus projetos... E que eles realmente transcendam nosso tempo.
Pra Luisa T., com carinho.
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
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