Falou por mais de uma hora e meia sem parar direito nem pra respirar ou tomar o copinho d'água que o pessoal da organização do evento tão gentilmente foi deixando em cada uma das mesas. E falou muito bem por sinal, aquela coisa toda de quem ouvir se levantar pra aplaudir e tudo mais. Tinha alguma coisa muito performática na apresentação, como se fosse um palco a sala da universidade e ele, ele um popstar muito calorosamente aclamado por um público sem o menor formalismo acadêmico: era um Marcos, mas se entitulava e assinava Max.
E o garoto da primeira fila? Vendo tão atentamente a apresentação do tema, até se esquece de qual era o tema... Estava lá era pra ouvir o Max falar fosse do que fosse e desejava ardentemente que no discurso houvesse um monte de palavras com L - o Max pronunciava fonemas em L de um jeito que excitava até as paredes de concreto da sala. Quando o blablabla termina o carinha tenta pensar rápido em qualquer pergunta que obrigue o palestrante a falar por mais dez minutinhos que seja, mas nada, nadinha vem à cabeça, que já esta pra lá de lá de pensar besteira. Era sempre assim!
Mas essa coisa de perder a atenção e a cabeça nessas horas era um complicador terrível porque fazia com que nosso amiguinho não tivesse assunto nenhum pra falar com o Max depois que os trabalhos terminavam...
E era só sob esse pretexto que podia falar com ele (pois é, precisa de pretexto sim!). Se não, ia perguntar o que? Pra que time torcia? Se gostava de Rock'n'roll? Se era casado? Nossa, aí é que ia piorar tudo, imagina! Transformar o Max em um palmeirense... Não dava! Na verdade, assim como estava era bom, não tinha de assumir nada, nem pra si... Podia voltar pra casa à noite e falar pra namorada sobre ele, com o maior entusiasmo do mundo, sem que ela achasse que havia um caso... Sem o toque mágico da realidade, havia desejo, havia amor, havia até um caso, mas nada, mas nada; nunca teria de problematizar nada - é uma segurança que dá medo!
E o Max, a coisa mais sexy desse mundo, ele podia ser assim pra sempre. Nunca seria gente, nunca envelheceria, nunca seria nada além de uma dicção envolvente ou uma cara bonitinha na janela da sala de lá e, mais que tudo isso, nunca iria lhe perguntar nada que o encabulasse.
sábado, 22 de setembro de 2007
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