
Eu tenho uma amiga que tem uma amiga. Mas houve um tempinho em que foram muito mais que amigas: uma amizade apaixonada, coisa meio de adolescente. Uma fixação mesmo. Elas conversavam sobre tudo, as coisas mais íntima, as mais sutis, as mais vergonhosas, nada ficava escondidinho. Quando o dia acabava, elas se telefonavam e já iam logo falando: tem uma coisa sobre a minha vida que você ainda não sabe e despejavam o dia inteiro em que viveram longe da companhia uma da outra, o que era muito raro de acontecer, diga-se de passagem. Elas se vestiam perecidinhas, se achavam lindas, dividiam namorados, muito amor mesmo: nada se colocava entre elas.
Muito amor, né? Muita neurose também. Era um ciúme estranho, quase doentio... Um ódio que elas sentiam pelas pessoas cujo carinho não era comum às duas... E era muita balada, muita loucura, essas coisas. Fácil de se perder o rumo.
Numa dessas, uma pessoa fica sabendo qualquer coisa que uma das fulanas ainda não sabia sobre a outra e está armado o barraco: elas ficam meses sem se falar. Sofrido, mas também construtivo.
O tempo passa: uma delas trabalha, estuda, se casa, deixar de sofrer de depressão... A outra continua sendo a mesma alma livre das convenções sociais que sempre foi, cada dia mais limítrofe. Elas se reencontram e o coração bate forte, mas os joguinhos de sedução não funcionam mais: não tem mais loucura, não tem mais viagens delirantes, não tem mais Smiths, não tem mais vodka quente no meio da madrugada... O último beijo havia sido o último, mesmo não o sendo. Elas agora não podiam estar mais apartadas: agora, bem agorinha, uma delas está passeando bem pertinho do círculo polar ártico. A outra está invertendo relações de mais-valia e atualizando um blogue qualquer.
Muito amor, né? Muita neurose também. Era um ciúme estranho, quase doentio... Um ódio que elas sentiam pelas pessoas cujo carinho não era comum às duas... E era muita balada, muita loucura, essas coisas. Fácil de se perder o rumo.
Numa dessas, uma pessoa fica sabendo qualquer coisa que uma das fulanas ainda não sabia sobre a outra e está armado o barraco: elas ficam meses sem se falar. Sofrido, mas também construtivo.
O tempo passa: uma delas trabalha, estuda, se casa, deixar de sofrer de depressão... A outra continua sendo a mesma alma livre das convenções sociais que sempre foi, cada dia mais limítrofe. Elas se reencontram e o coração bate forte, mas os joguinhos de sedução não funcionam mais: não tem mais loucura, não tem mais viagens delirantes, não tem mais Smiths, não tem mais vodka quente no meio da madrugada... O último beijo havia sido o último, mesmo não o sendo. Elas agora não podiam estar mais apartadas: agora, bem agorinha, uma delas está passeando bem pertinho do círculo polar ártico. A outra está invertendo relações de mais-valia e atualizando um blogue qualquer.
*Imagem do filme Garota Interrompida
belo texto, bela.
ResponderExcluirQue fofa!!! obrigada!
ResponderExcluirAs relações entre as mulheres são no mínimo interessantes... hehehehe... Ótimo texto.
ResponderExcluirValeu, André. Realmente, as relações entre meninas são interessantes, mas às vezes eu as acho complicadas em demasia... Eu eu é que sou - vai sabe! Sei que nunca deu certo demais comigo!
ResponderExcluirSim... são complicadas, sim. Eu tenho uma teoria que se as mulheres conseguissem se relacionar entre si como os homens conseguem, vocês dominariam o mundo fácil, fácil! hehehe
ResponderExcluirHahahahahaha! Nossa, eu preciso que você desenvolva essa teoria!
ResponderExcluirPode deixar que eu vou desenvolver! hehehehe
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