
Estávamos num bar, um casal de amigos, uma garota bonita e eu. Ia rolando uma conversa – um pouco aborrecida pra mim, que estava com um pouco de ciúme da garota bonita, pelo fato da minha amiga estar deveras entusiasmada por ela. O amigo, sempre muito gentil, percebia e levava a situação da forma mais polida e mediadora que podia. Coisa de analista, né? Não sei, mas o fato é que é isso que ele é: um analista.
E foi bem em torno disso que a conversa se dirigiu: a legitimidade das psicoterapias. Minha opinião – e acho que todo mundo que lê esse blogue já deve saber qual é – é que é uma coisa bastante útil, a gente sempre precisa dela uma hora ou outra. A do amigo, posto ser ele analista, já está implícita; a da namorada dele tinha a mesma direção que a nossa, mas a da moça bonita ia bem à contra-mão. Um argumentozinho que achava absurdo você PAGAR pra ficar trocando idéia, como se terapeuta fosse um amigo de aluguel, veja bem... “Cara – dizia o amigo – tem gente que tinha problemas com pânico e nem conseguia sair de casa. Depois da terapia, tem uma vida normal, como a gente...” E ela insistia que era charlatanismo: “Tá, mas pagar por ISSO?”. Daí, minha acidez: “você também paga pra tirarem um câncer de dentro de você, não acha que é charlatanismo e ainda diz obrigado-doutor!”
Óquei, grosseiro da minha parte, mas eu nunca disse que era uma lêide...
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Então, eu já fiz terapia umas 4 vezes, ao curto da minha vida. Sempre parei depois de um tempo, sem nunca ter tido alta. Não tem nada a ver com o fato de eu me incomodar, de não gostar de me entender. Pelo contrário, acho catártico, acho muito bom mesmo.
Mas é aquela coisa: eu sou uma neurótica e vou pra terapia toda vez que minha neurose se exacerba, ou seja, ultrapassa o limite do aceitável para se tornar incômoda. Então eu vou, faço mais ou menos um ano de terapia e acabo parando. Porque chega uma hora em que, passada a crise, vou me tornando conformista. E creio ser isso o que a terapia faz com a gente: não muda nossa individualidade ou o mundo, mas faz com que a gente se ajuste às condições objetivas, torna nosso espírito mais dócil, faz com que a gente aceite as coisas tal e qual elas são. Resumindo: a gente fica equilibrado – como eufemismo pra conformista.
Mas, pra ser franca, eu não sei em que medida a neurose é ruim. Quero dizer, sei que é foda, mas acho muitas vezes que minha resistência, minha recusa a muitas coisas é o melhor de mim. Cacete!, eu sou um intelectual! A mim, me parece muito útil não aceitar, porque é da não-aceitação que vem o questionamento. Se eu fico muito conformada, perco a capacidade de questionar. É claro que se eu levar essa não-aceitação, que é o princípio da minha neurose, às últimas conseqüências, vou ter crises de depressão e pânico. E é nessas horas, nos momentos em que entopem as válvulas da panela de pressão, é então que eu vou bater na porta do meu terapeuta.
E foi bem em torno disso que a conversa se dirigiu: a legitimidade das psicoterapias. Minha opinião – e acho que todo mundo que lê esse blogue já deve saber qual é – é que é uma coisa bastante útil, a gente sempre precisa dela uma hora ou outra. A do amigo, posto ser ele analista, já está implícita; a da namorada dele tinha a mesma direção que a nossa, mas a da moça bonita ia bem à contra-mão. Um argumentozinho que achava absurdo você PAGAR pra ficar trocando idéia, como se terapeuta fosse um amigo de aluguel, veja bem... “Cara – dizia o amigo – tem gente que tinha problemas com pânico e nem conseguia sair de casa. Depois da terapia, tem uma vida normal, como a gente...” E ela insistia que era charlatanismo: “Tá, mas pagar por ISSO?”. Daí, minha acidez: “você também paga pra tirarem um câncer de dentro de você, não acha que é charlatanismo e ainda diz obrigado-doutor!”
Óquei, grosseiro da minha parte, mas eu nunca disse que era uma lêide...
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Então, eu já fiz terapia umas 4 vezes, ao curto da minha vida. Sempre parei depois de um tempo, sem nunca ter tido alta. Não tem nada a ver com o fato de eu me incomodar, de não gostar de me entender. Pelo contrário, acho catártico, acho muito bom mesmo.
Mas é aquela coisa: eu sou uma neurótica e vou pra terapia toda vez que minha neurose se exacerba, ou seja, ultrapassa o limite do aceitável para se tornar incômoda. Então eu vou, faço mais ou menos um ano de terapia e acabo parando. Porque chega uma hora em que, passada a crise, vou me tornando conformista. E creio ser isso o que a terapia faz com a gente: não muda nossa individualidade ou o mundo, mas faz com que a gente se ajuste às condições objetivas, torna nosso espírito mais dócil, faz com que a gente aceite as coisas tal e qual elas são. Resumindo: a gente fica equilibrado – como eufemismo pra conformista.
Mas, pra ser franca, eu não sei em que medida a neurose é ruim. Quero dizer, sei que é foda, mas acho muitas vezes que minha resistência, minha recusa a muitas coisas é o melhor de mim. Cacete!, eu sou um intelectual! A mim, me parece muito útil não aceitar, porque é da não-aceitação que vem o questionamento. Se eu fico muito conformada, perco a capacidade de questionar. É claro que se eu levar essa não-aceitação, que é o princípio da minha neurose, às últimas conseqüências, vou ter crises de depressão e pânico. E é nessas horas, nos momentos em que entopem as válvulas da panela de pressão, é então que eu vou bater na porta do meu terapeuta.
gostei da resposta que você deu pra mina!
ResponderExcluiré fundamental esse serviço de aluguel de ouvidos!...
:*:*:*:*
Pois é, lu. Já ouvi mais de uma vez que psi é clarlatão e ODEIO todos os argumentos da galera que fala essas coisas. Sou super defensora da terapia. Teve vez na minha vida em que ir à terapia era questão de saúde pública mesmo!!! Hehehehehehe!
ResponderExcluirA propósito, muito a propósito: vc conhece a mina, inclusive melhor do que eu. :-*
iiiiiiiiish
ResponderExcluircurioooosa
não sei que mina é essa não!
fala, vai.
... nem que for por email.
ResponderExcluirdá uma dica - tipo, ela é mais gostosa indo ou vindo?
Vix, é a tal da Daiane (é assim que se escreve?)
ResponderExcluirnuoooooooooosssa
ResponderExcluiressa mina ODEIA o maridão.
cê tá saido com ela? depois daquele dia que a gente ficou nem conversei mais com ela. e sempre que ela vê maridão faz cara de Vou matar!
Respondo no e-mail, hehehe!
ResponderExcluirEu acho que o grande problema é que existem pacientes charlatães... Que pensam que psicólogo tem de resolver tudo pra eles...
ResponderExcluirNossa, Cris, seu comentário não poderia ser mais pertinente!!!
ResponderExcluirEu conheço uma penca de gente assim, que acha que precisa aumentar o número de vezes de terapia de 1 pra 3 vezes por semana, quando o terapêuta já acha bom diminuir... Gente que se vicia: faz merda a rodo, joga a culpa em problemas emocionais e vai na terapia. Então, continua fazendo merda: lindo, sem culpa, sem nóia...
Sabe... tenho alguns problemas com psicólogos... acho que a terapia é legal, ajuda... massss.... sei lá... acho que hoje tem gente que paga o terapeuta pra ser um amigo pra qual se pode falar tudo... As pessoas não querem mais ter amigos de verdade, pois o egoísmo de nossa sociedade chegou a tal ponto, que tem gente que não chega a ver mal ao prejudicar mesmo aquela pessoa que jura amar.
ResponderExcluirNossa, isso é bem complexo mesmo!
ResponderExcluirVocê tem a moral de colocar numa postagem, ou de falarmos pessoalmente, ou um e-mail... Algo assim?
Acho que eu tento dizer em alguns posts meus isso... Vou tentar ser mais explícito em um... hehehe... Mas sair pra conversar seria ótimo! =)
ResponderExcluirÓ, Lia... acho q isso mostra um pouco do que eu quero dizer... eu não falo da terapia, mas falo da outra parte. O psicólogo entra nessa hora, pras pessoas terem com quem desabafar... diria até que é como uma função antigamente exercida pelos padres.
ResponderExcluirhttp://bolapromato9.blogspot.com/2008/02/desabafo.html
Ok!!!
ResponderExcluirEntendi sim... Tem mesmo isso...
Coisa de desabafar sem comprometimento... Tipo pagar uma puta: amor de aluguel, sem risco à individualidade do trouxa... Sim, sei do que vc tá falando...