terça-feira, 3 de junho de 2008

Coisas da vida (na falta de título melhor)

Ele era esquisito... Tinha uns gostos muitos esquisitos... E tinha um cabelo esquisito e uma cara esquisita... E tinha vergonha do que, em seu passado, era considerado bacana, como a coisa de ter sido modelo quando novinho.

Mas agora não era novinho. E não era orgulhoso do corpo o suficiente para fazer qualquer trabalho de exposição da própria figura... E não gostava do corpo o suficiente sequer pra zelar por ele – ele não comia nada e não se medicava nunca e não bebia água.

Dava sempre um jeito com as próprias contas que eu não seu explicar qual era, mas não trabalhava. Coisa curiosa essa do dinheiro: eu ficava tentando imaginar de onde ele a tirava. Seria de michê? Seria de avião? Uma muambinha eventual? Não sei, não sei...

Ele tinha uma cara bonita, mas nunca se arrumava muito, então não parecia bonito nunca. Usava sempre uns trapos bem rasgados e nem sempre limpos...

Tinha sempre uma conversa bem difícil, questionadora demais, cheia de muita polêmica, cheia de argumentos imprevisíveis... Mas era o sexo que compensava! Ele gostava de fazer bem feito e, como gostava mesmo, fazia muito! Nossa, coisa louca mesmo... Eu tive de engolir muita coisa em seco só por causa de uma noite a mais com ele... Muita coisa, muita causa, muito sentimento desencontrado. A gente quase se matou...

Mas não se matou no fim, e eu botei ele pra fora... Por que não dava mais. E agora que tou em paz, agora que consigo respirar ar puro todas as manhãs – porque elas voltaram a existir – agora nada tem o mesmo sentido de antes de ele aparecer... Agora minha vida é equilibrada e simpática como qualquer lugar-comum.

5 comentários:

  1. É engraçado... a gente queria muito que algumas pessoas fossem um pouco diferentes, pois as queremos perto de nós, mas o jeito delas, a forma como vivem não permitem que fiquemos próximos a elas... pois essas coisas nos fazem mal, nos deixam doente. Mas a decisão de deixar pra seguir sozinho não é fácil e requer coregem.

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  2. Pois é... Tem isso sim... Bom, eu nunca perco tempo, vou logo arrumando as coisas e indo embora... Mas haja coragem!

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  3. é 100% literatura ou tem inspirações na vida real, isso aí?

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  4. ( não que se tiver inspiração não seja 100% literatura. eu quis dizer ficção. mas vc entendeu, vai.)
    beijo.

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  5. Sim, entendi. E é literatura mesmo... Da pior que eu já fiz, diga-se de passagem. Quero dizer, a mensagem foi passada, mas eu não fiz revisão nenhuma, tou até com vergonha de mim por ter publicado desse jeito... Deu preguiça e agora tou assim...
    Mas enfim, é a história de uns alteregos meus, com algum fundo de verdade: no caso, o louco a quem o eu-literário se refere podia ser eu há uns anos atrás, ou a Ci - a gente se parecia muito nessa época.
    Mas hoje é um alterego meu. Várias coisas que eu escrevo são pra ele.

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