sexta-feira, 25 de julho de 2008

Lua Nova

Costumava identificar sonho ao nome dela ao mesmo tempo em que rimava autismo com subjetividade. Queria e queria e queria muito, mas nem suspiro sobre isso não fazia ressoar. Era que em havendo muito mais sentimentos do que se propõem as línguas dos homens a dar nome, não achava vias de discursos ou declarações. Lembrava sempre um ensinamento do filósofo dos assuntos pouco elevados: os corpos se entendem, as almas não.
Daí, em noite de palavras silenciosa e negra, deitava toda paixão que fazia com que os lábios dela se adequassem justinhos aos bicos dos seus seios. E nem se dava conta de que em toda noite há uma lua, mesmo que nova, mesmo que enevoada. O brilho pálido da lua, muito pálido, ele sempre dizia muito secretamente que sujeito absoluto pede completude cedo ou tarde.
Mas nada! Não ouvia e nem entendia nada, apenas silenciava nas longas noites, enquanto queria e queria e queria... As luas se sucediam: uma, depois outra, depois de um tempo, mais outra... e os enganos de alma, sempre ledos, essas passagens nunca deixavam durar muito. Assim ela se foi, numa madrugada que se prometia ensolarada, enquanto na noite escura, a amante dos silêncios dormia...

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