terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Postagem pra Papai do Céu



♫ “...esquecendo os momento da fundura do poço, da garganta do fosso, na voz de um cantador”


Papai do céu,


Como o senhor sabe, falei pr’um amigo que se não é por jazz e filosofias, eu nem saio de casa. Vou me corrigindo aqui pro senhor: é arte. Se não for por arte – mesmo que seja arte do raciocínio – eu nem boto minha carinha na janela: já fico no escuro de meu quarto, e’mi’mesmada, fumando narguile até o fim dos tempos, que segundo vossos sinais recentes, não devem tardar.


O senhor já teve a sensação de estar percebendo a arte como quem consome drogas? Pois é uma auto-impressão que tenho tido. Uma coisa estranha, sabe? Um certo tipo de angústia que me abate se não leio nada, nem escuto uma música, nem vejo um filme e coisa e tal... Como se eu me sentisse mais à vontade num mundo de elementos “criados” que no real. A arte torna a realidade mais suportável talvez. Ou talvez não seja isso...


O problema (se é que vos estou revelando um) talvez esteja intrinsecamente ligado ao fato de ter um ponto em comum com o meu amigo supra-mencionado: uma incapacidade crescente de levar a vida a sério e um constante desejo de chacoalhar quem leva. Mesmo minha atitude de consumidora de arte é assim, e leio Sandman com a mesma seriedade que leio Tolstói. E me dá vontade de rir na cara de quem acha que estou cometendo um sacrilégio por isso (rir, na melhor das hipóteses, o senhor sabe).


Papai do céu, não creio na vida, não creio nos cânones, não creio em saídas existenciais para além de uma boa risada. Espero que a arte sempre me traduza a humanidade, em nome do diabo, que é o senhor de férias , amém!

11 comentários:

  1. Mas o que tá tendo nessa blogoesfera hoje que o povo anda inspirado. Gostei da sua visão sobre a arte e como você se relaciona com as obras. O ato de não levar a vida a sério é algo que tento sempre cultivar, não sei se tenho um sucesso constante, mas tento.

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  2. Eita Lia que texto belo! Adorei o toque de bom-humor... adoro essa perspectiva que você tão bem escreveu de "não crer em saídas existenciais para além de uma boa risada". Quem dera eu vivesse assim 24 horas por dia, 7 dias pos semana... mas é uma causa nobre a seguir. Beijos, linda!

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  3. Bob: ah, eu já nem consigo levar a sério, mesmo que eu tente. Quando vou ver, já foi.

    Su: Nãããããão, a vida tem que ter gente com esperança, se não, sei lá, hahahahaha! Mil bjins!!!

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  4. Lia,
    nem preciso dizer que achei o post ótimo.
    Gostei tanto que me inspirei e escrevi uma parte da história que estava acontecendo em outro momento, em outro lugar.
    (acho que lês teus blogs num reader... a versão final tá identificando o causo como uma resposta que chegou ao lugar errado.)
    Te vejo no fim do túnel.
    Ou no fundo do poço! hahahahah
    Um beijo,
    L.

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  5. L.: certamente, em um desses dois lugares a gente vai se encontrar.

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  6. ei, me leva tmb?
    já pedi pro L., quem chegar primeiro me leva pra qualquer lugar. preciso sair daqui, sumir, evaporar...
    beijos

    [off topic: obrigada pelo carinho lá no sentimento]

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  7. Sentimental: eu levo sim, pode ter certeza. Obrigada nada, vc merece e nunca acredite no contrário! <3

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  8. ufa, ainda bem.
    achei q fosse ficar sozinha.
    obrigada.
    beijos

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  9. Sentimental: eu nunca sou boazinha, eu tento ser justa. Hehehehe!

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  10. Achei sensacional. Tanto o seu texto como o do "Reflexões Teatinas"! Vivo numa eterna briga interna sobre ser "certo demais" e "esculhambado demais"... Sendo que ultimamente eu ando descambando pro "esculhambado demais"! huahauhaua

    kkkkkkk

    Parabéns! Beijos

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