Era uma vez, numa selva misteriosa, mágica e muito profunda, uma roseira. Ela trazia em seu cume um único botão, muito vermelho, muito terno. Seu perfume era inebriante, mesmo estando o botão assim, fechadinho, cru demais pra ser flor. Mas não por isso a vespa deixou de sentir...
Sim, havia uma vespa, vespinha batedora, dessas que voam antes das demais da colméia. A vespa nunca voava pra longe de seu lugar, mas sob o efeito ébrio dos odores da jovem rosa, enfiou-se na escuridão da mata pra procurá-la... E, como todos os que procuram arduamente, a vespa a encontrou: enamourou-se dela ao primeiro olhar.
A rosa selvagem, linda, tão desejada... Quem não a amaria? Quem não queria o mel que guardava dentro de si?
O desejo da vespa foi tamanho que ela quase se esqueceu de retornar à colméia. Mas, veloz e pragmática, lembrou-se de cuidar do quanto havia pra cuidar - que era muito. Lá chegando, não contou a ninguém sobre sua rosa. Voltava secretamente, todo dia, pra vê-la e tentar se alimentar daquele que deveria ser o melhor mel. Mas aí havia uma questão: a rosa não se abria nunca... Porque de densa que era a selva, o sol não lhe penetrava e toda flor carece demais da luz do sol pra desabrochar.
Loucas de amor uma pela outra, rosa e vespa se puseram a pensar em como fazer pra conseguirem o brilho solar. Ao fim da tarde, a vespa sempre tinha de retornar à colméia, deixando a rosa solitária durante as noites. E era nesse momento que a rosa maquinava meios de fazer com que a vespa pudesse tirar as folhas das copas de algumas árvores. Nas manhãs, a vespa se surpreendia com as estranhas soluções da flor; pensava e não se via capaz de voar tão alto e nem era forte pra lutar contra as sombras de folhas.
O tempo se passava, as estações se sucediam e a rosa se impacientava. Nesse meio tempo, a vespa voava de lá pra cá, daqui pra lá, dividida entre o trabalho na colméia e o amor à rosa.
Numa manhã a rosa achou uma solução: fez uma bela escada de espinhos para que a vespa subisse e, uma vez no alto, pudesse afastar as folhas que obstruíssem sua felicidade. Mas a vespa, ao ver o artifício, não reconheceu sua rosa: a escalada de espinhos era tão negra e entrelaçada que nem o perfume da flor não lhe chegava. Para a vespa, sua rosa selvagem havia sido definitivamente engolida pelo espinheiro que sempre estivera escondido em sua base.
Com medo, e angústia, a vespa se foi e nunca voltou atrás: a vespa simplesmente nunca aprendera a dar meia volta, jamais olharia pra trás... Mas se lembraria da rosa até o último de seus dias.
E a rosa ficaria imersa em seus espinhos, até que um colibri, selvagem como ela, se dispusesse a pôr todas as copas da floresta abaixo pelo amor de seu amor.
mas que beleza a fábula, minha cara! e por aí tá cheio de vespa q não sabe ver ou q tem medo. de modo q é muito atual o texto. como toda boa fábula. bjo!
ResponderExcluirObrigada, Cris. Eu nunca tinha escrito uma fábula, fique contente por ter feito essa... Hehehe! Execícios literários!
ResponderExcluirFicou lindo mesmo!
ResponderExcluirMais comentários eu posto depois, no seu ouvido...
Ficou muito lindo mesmo, o comentário do Cristian foi certeiro.
ResponderExcluirPuxa, Lia, que final triste pra essa história de amor...
ResponderExcluir:(
Ainda bem que nada acaba no fim da história, depois do fim tem tudo que ainda está para ser contado.
Homem e Bob: obrigada! :-)
ResponderExcluirL.: pois é. Cada fim é o começo de alguma coisa.
Lindo!
ResponderExcluir^_^
tudo o que vc escreve é lindo demais.
ResponderExcluirMoni e Cris: obrigada, lindas são vcs!
ResponderExcluirTá lindo demais, Lia! Palmas pra você!
ResponderExcluirObrigada, Lobinha!
ResponderExcluir<3