Já faz um certo tempo que essa condição deixou de ser vergonha pra mim e passou a ser motivo de auto-chacota. Não sei se é uma sublimação ou não, sei que não me embaraço ao falar no assunto. Pelo contrário, falo de um jeito bem jocoso mesmo. Fica divertido no final. Os colegas de trabalho, da universidade, vizinhos, eles perguntam coisas assim: "mas você não vai se casar?" – eu respondo "não posso casar porque não posso transar". Então vem a parte boa: "como assim, não pode transar, o que é isso?" – e lá vamos nós: "isso é brocha, meu amigo, o meu não sobe nem com mulher, nem com homem, nem com bicho, ou planta, ou punheta. Já tentei de tudo, não vai!" A pessoa que escuta isso fica com uma cara indescritível. Nisso sim, nisso sim eu tenho tesão. Sempre estou gargalhando por dentro ao ver aquela expressão, meio de pena, meio de incredulidade e muito de espanto.
A exceção desse tesão é quando digo isso a alguém que está obviamente dando mole pra mim. Tudo se torna imprevisível nesses casos. Teve gente que nunca mais tocou no assunto, teve gente que até deixou de falar comigo (acho que ela deve ter pensado que eu não gostava dela e disse isso pra afastá-la; bom, eu é que não vou lá pra conferir). Também teve gente que, a partir daí, triplicou o empenho em me conquistar... Como se fosse adiantar alguma coisa... Deve ser gente querendo alimento pra ego, né? Como é que pode? O cara é brocha e, aí sim, aí você enfia na cabeça que tem que fazer a coisa subir, seja como for... Sei lá... Cada um no seu tesão – quer tentar, à vontade! Quem sou eu pra impedir?
Mas isso é o lado leve da coisa. O chato é as pessoas responsabilizarem a falta de rigidez do meu pau por uma série de comportamentos meus. E, creiam, isso acontece! Se eu falo mais enfaticamente alguma coisa, se eu peço pra alguém do meu grupo refazer um trabalho, se eu dou uma opinião muito divergente, se eu fico nervoso no trânsito, é sempre o mesmo comentário: "a falta de sexo ta acabando contigo, hein!?" ou senão "cara, você ta precisando dar uma trepadinha pra relaxar" ou "isso é falta de mulher" ou o mas sintético, o que mais a secretária gosta de falar "mal-comido!" – mal-comido é o meu favorito, adoro!
Sabe, me parece mais perdoável que eu fosse putanheiro, ou gay ou que fosse casado e tivesse amante, ou tudo isso junto do que ser brocha. Afinal, a gente vive numa época em que todo mundo tem que transar de alguma forma. Até as formas mais marginais de sexualidade¹ são mais facilmente aceitas que a ausência.
Vou deixar pra próxima as considerações sobre ser uma "doença" essa minha condição, o que também rende muito assunto. Por enquanto, vou retomar meu trabalho que hoje vai sair atrasado por que não o fiz no final de semana. Daqui a pouco, me liga meu colega já dizendo "já que você não tava trepando no fim de semana, ficou fazendo o que que não o trabalho???".
¹Aqui eu não tou incluindo nem pedofilia, nem zoofilia, nem nada não-consensual.
Véio, você tá mesmo lascado... nem a desculpa da trepadinha te livra a cara de um sabão do chefe... agora que me toquei...
ResponderExcluir(me toquei no bom sentido, não tô te zoando, não...)
Tenha esperança! Quem sabe no seu caso não é o inverso, e aos 70 anos, quando o maior prazer que nós, homens funcionais, teremos, será dormir de meia pra esquentar os pés, você acorde com uma ereção digna do Bocage?!?!?
Rá!
ResponderExcluirO mundo é mais kafkiano do que isso!!!