sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Chove lá fora

Chove há 43 dias em São Paulo.

Há 72 pessoas mortas.

O Bom (?) Dia Brasil mostrou hoje cenas de uma cidade desgovernada.

Uma entrevistada disse: “sete minutos de chuva e enche tudo.”

Outra ficou 1h45 à espera de um trem.

Um ficou três horas parado dentro de um taxi.

Um bairro ficou sem luz por 12 horas.

Na região do rio Tietê legiões de trabalhadores a pé em busca de uma condução que os levasse ao serviço.

Há dois corpos desaparecidos na Zona Leste, o Katrina do Serra.

Um dos entrevistados, finalmente, diz o que o Ali Kamel preferiria esconder: a culpa é do concreto.

Segundo a Folha, 13 vereadores e o poste que Serra elegeu prefeito de São Paulo podem perder o mandato por causa de corrupção.

Eles são acusados de receber doação ilegal de empreiteiras e da indústria da construção civil.

É o pessoal do “concreto”.

Nenhuma metrópole do mundo se corrompeu a ponto de permitir, como São Paulo, construir tantas peças de concreto num espaço sem verde.

São Paulo é um exemplo de como a corrupção destruiu o meio ambiente, impediu que a cidade respirasse, aumentou a temperatura e provocou chuva.

A corrupção é o que faz chover em São Paulo.

Um Presidente da República já disse que governar é “abrir estradas”.

Que Deus o tenha.

Zé Alagão governa para ser Presidente da República e, por isso, governa para arrecadar impostos (pedágios).

Ele não passa, como diz o meu amigo mineiro, de um “prático em contabilidade”.

José Serra escondeu-se no programa da Luciana Gimenez e na colona da Eliane Catanhêde.

Ele não vai enfrentar a indústria da empreitagem.

Nem construir os 90 piscinões que faltam no rio Tietê.

Se puder, ele manterá os nordestinos nas sowetos alagadas.

Não adianta.

A chuva cospe os pobres na cara da elite.

 

Texto de Paulo Henrique Amorim

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