sábado, 27 de janeiro de 2007
É tanto o sono que nem consegue escrever direito, mas olha só isso, avançou duas linhas pra baixo, mas que coisa horrorosa! Bem sabia que não devia sair de casa com tanto sono assim mas que fazer se o mundo e os compromissos não esperam ninguém, não é? E hoje ainda por cima vai ter de fazer uma licitação pra material de construção da escolinha da vila-longe-pra-caralho que já está esperando faz uns seis ou sete meses pra ser reformada e a incompetência do serviço público fica atrasando. Lembra-se de que foi ver o espaço dessa escola uma vez e foi uma coisa memorável porque tinha lá no fundo um menininho completamente azul que era a coisa mais linda do mundo. Sempre gostou de azul, chegou a ter os cabelos azuis durante boa parte da adolescência e era o máximo da coisa cool isso. Engraçado que quando se é adolescente a única preocupação séria é essa coisa de ser cool e daí, depois que se cresce, continua a mesma preocupação com imagem, só que em vez de cool, se tenta parecer sério. Um amigo uma vez lhe disse que à-mulher-de-César-não-basta-ser-honesta-deve-parecer-honesta e na verdade ele estava muito certo. Mas agora nesse mundo ser sério é que é a sacada porque é assim se consegue as coisas. Acontece que a vida definitivamente não é coisa que se leve a sério mas de jeito nenhum! É só parar pra ver já que as incontestáveis evidências aparecem aos montes todos os dias pra quem quiser ver. A política do Bush é a maior a seu ver porque deveria ser a seriedade máxima já que ele é o rei do mundo mas no entanto nada mais risível. Ah, filhos também são coisa seríssima mas não entende até hoje como se faz pra tratar com seriedade um cara que vai depender da gente por vinte anos e que a gente não conhece e no fundo nem vai conhecer. Vida amorosa é outra coisa que exige seriedade mas que também é uma grande piada, não? É assim: escolher alguém com quem transar e se esforçar pra conseguir transar depois. Às vezes é muito o esforço e outras vezes é nenhum (ela particularmente prefere quando o esforço é nenhum). Mas seja como for vai passar um tempo e a vida vai se orientar inteirinha no sentido dessa escolha e pronto, temos aí um casamento com fidelidade lealdade seriedade papelada e o caralho. E papelada é importante porque a papelada é que dá o tom de seriedade sempre. E é a seriedade que garante que toda a gente exista socialmente já que ninguém é nada sem ter papel pra provar. Hoje mesmo vai ter de fazer uma licitação pra material de construção da escolinha da vila-longe-pra-caralho que já está esperando faz uns seis ou sete meses pra ser reformada e a incompetência do serviço público fica atrasando por causa de papel x e papel z e papel sei lá mais o que. A burocracia quase a deixou louca louquinha um pouco antes da terapia mas isso não quer dizer que a terapia tenha resolvido a burocracia claro que não. Burocracia é problema indissolúvel!!! Chegou a essa conclusão muito filosófica numa noite em que estava bem nua numa cama de motel e com amante do lado depois de uma conversa de mais de duas horas. Valeu a pena ter conversado tanto naquela noite já que o sexo nunca foi lá coisa que valesse muito. Pensando bem só mantém esse caso porque gosta demais das conversas e tem certeza de que ele não a quer como amiga. Acha que deve ter sido por esse motivo só no começo do relacionamento porque na verdade agora o que a mantém é a falta de seriedade mesmo, olha só que legal, uma relação extra-conjugal onde a viga mestra não é o sexo ardente mas simplesmente a conversa. Isso a lembra agora que o sexo não orienta nenhuma relação sua ao contrário do que acontece com a maior parte das mulheres bem bonitas que se fazem objeto de desejo a quem quer que seja. Ela não se sente bem sendo cobiçada na verdade, gosta só de ser bonita como é uma estátua ou a madona de um quadro que se olha e se admira e fim. Ou ter uma beleza fugidia e etérea como o menininho completamente azul que era a coisa mais linda do mundo e estava lá no fundo da escolinha da vila-longe-pra-caralho que já está esperando faz uns seis ou sete meses pra ser reformada e a incompetência do serviço público fica atrasando claro. Não consegue imaginar nada mais feio do que burocracia e teve inclusive uma vez em que o arquivo de processos foi se dobrando por cima dela em plena sexta-feira – se morresse soterrada ou so-processada ninguém ia ficar sabendo antes de a segunda chegar. Já estava imaginando a nota de falecimento no diário oficial do estado A Funcionária Ana das Dores de Tal, Registro Funcional Número Tal, deixa a vida nesse dia tal por motivos de burocracia maior; faleceu em cumprimentos de suas funções e coisa e tal. Ah, queria até tornar à vida só pra ver. Queria era se deitar no colo da tia do café que parece muito aconchegante na verdade... Se dormisse agora seria bom demais mas certamente ninguém nunca mais a levaria a sério e o que teria já que ela mesma não leva ninguém a sério mesmo. Que mal teria... que mal...?
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