quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Um dia sem amor



Mulheres confundem tesão e paixão com uma facilidade assustadora. E não importa se a mulher é inteligente ou burra, culta ou curta. Deu, gozou? O amor-de-pica vem que vem. É preciso cautela e muita clareza sentimental pra entender o que acontece e isso só se tem passando um tempo longe do amante.

Foi o que ela decidiu: um dia sem ele, só um.

Nesse dia, abriu os verdes olhos sonolentos – ardiam – e procurou por ele na cama. Então é que se lembrou que não estaria juntos nesse dia, pela primeira vez em uma semana. Mas é curioso, em começo de namoro ela ficava tão junto que dois dias se tornavam dois meses. Por isso agora estranhava a falta dele na cama. Antes de se levantar pensou longamente se era dele a falta que sentia ou das coisas que ele fazia... Difícil, difícil dissociar assim, a gente é o que faz, não é? Ela agora esperava que não, esperava que ele não fosse só o que fazia, mas também o que dizia... A verdade é que não quis mais se alongar nisso. Levantou-se a tomar café, e já não era sem tempo.

Então se arrumou, se arrumou bonita... pra ninguém. E pegou trânsito... Chuva... Tudo tão chato! Entediante... Os carros entupiam a Cerro Corá, não havia vazão pra nada... A não ser água.

Daí, subiu no ônibus uma moça e se sentou bem ao lado. Era discretamente bonita, mas trazia um Garcia Marques debaixo do braço, que começou a devorar avidamente. Ela requeria um exame mais detalhado, mas dava vergonha de fitar por muito tempo (o que ela iria pensar?). As mãos, as mãos eram belas... E a voz: ela não disse nada, apenas suspirou enquanto fechou os olhos – certamente teve, pela leitura, alguma emoção muito mais sutil, dessas que as grosseiras palavras nunca conseguem definir. Os homens talvez não entendam o verdadeiro significado de um suspiro, só uma moça como aquela. Pensou então que se a viagem de ônibus durasse pra sempre, essa moça seria o eterno amor de sua vida. Mas a viagem acabou.

Trabalhou normalmente, sorrindo aqui e ali como o de costume. Voltou pra casa, mas não antes de duas taças de merlot num botequinho perto. E foi nessa hora que se lembrou de que jhavia ficado de pensar sobre sua situação afetiva com o namorado... Paixão? Tesão? O que? Mas a preguiça de pensar nisso foi muito maior que a vontade de definição.

Em casa, o cachorrinho carecia de tanto amor, mas tanto... nem ia dar pra pensar em homem hoje... Talvez fosse melhor pedir ao cara mais um dia... Só mais unzinho... Faria bem!

5 comentários:

  1. e é, né. Confunde mais do que seria recomendável, paixão e tesão... +_+

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  2. SERÁ QUE HOMEM FICA MENOS??? EU BEM QUE GOSTARIA DE SABER...

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  3. pois é, sabe que agora pensando nisso eu acho mesmo que não?
    confunde muito também. Muito.
    Beijo!

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  4. Puta, Lu... Queria continuar esse papo de verdade depois. Queria mesmo!

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