
Ele tinha uma admiração doce por mim, aquele amor platônico de aluno: é claro que eu sempre soube que isso não é um amor convencional. É aquele sentimento que se desenvolve no imaginário, acontece quando se conhece alguém que tem muitas qualidades que se queria ter. Professor é privilegiado nessas horas porque o aluno sempre quer manjar o que o professor manja (e eu, pior dos filhodaputas que sou, sempre me aproveitei disso). Como eu dizia antes de parar pra pequena digressão explicativa, o cara me pagava o maior pau! Mandava emails admirando tudo o que eu escrevia, se interessava por tudo o que eu fazia e sempre dava um jeito de aparecer nos lugares onde eu ia. No lançamento do meu último livro deu até um pouco de pena, porque ele tentava acompanhar a conversa que acontecia no coquetel e foi um pouquinho desastroso – aqueles silêncios constrangedores depois das declarações de “impressões” que ele emitia... Nossa!
Um dia, eu não tinha muito mais o que fazer, tava entediado e ele telefonou (nem me pergunte como conseguiu meu telefone). Queria saber se podíamos conversar sobre qualquer blábláblá científico e eu disse que sim, contanto que fosse num motel. Fomos... E foi bem mais-ou-menos – ele ficou tão siderado por estarmos ali que não se soltava, verdadeiro saco! Não nos vimos mais: troquei o chip do meu celular, bloqueei o endereço de email dele, essas coisas...
Outro dia, eu não tinha muito mais o que fazer, tava entediado e ele me telefonou (nem me pergunte como ele conseguiu meu telefone DE NOVO). Queria saber onde eu estava: num bar perto da faculdade, sozinho, comendo guacamole. Disse que eu andava sumido: pois era, andava ocupado, comendo guacamole. Perguntou se eu queria uma companhia: certamente eu preferia a guacamole mesmo.
Malvado da minha parte, admito.
Então, na fatídica noite, eu não tinha muito mais o que fazer, tava entediado, no quarto do meu apartamento, as portas da varanda abertas, um calor! Eu via um DVD na tela do PC quando ouvi um barulho: PLOFT! Depois outro. Virei a cabeça pra ver: ABACATES!!!

No fim do bombardeio, só escutei a voz de infelizinho gritando TOME GUACAMOLE! E o pior foi que a mesa onde alguns explodiram estava com poeira demais, senão eu bem que teria aproveitado a polpa pra uma guacamolinha, tinha até coentro em casa, rapaz...
Daí, nem reclamei e dei logo o braço a torcer: foi realmente uma atitude espirituosa, a mais da vida do cara!
Obrigado por teu recado.
ResponderExcluirE não, realmente não leio muito Bukowisk (também não sei escrever o nome do disgraçado), prefiro Carlos Drummond, meu favorito.
Mais legal que tu goste de boa literatura.
Como não estou com muita cabeça, não li direito o teu último poust e não tenho como comentar do mesmo.
Na verdade lhe achei pelo orkut, e aquele dia resolvi comentar.
Espero que não seja encomodo.
Caso leia o meu novamente... toda assinatura César Homero Silveiro, é de autoria minha mesmo!
hahahhaa
ResponderExcluirexcelente
do que não é capaz um coração em prantos! hahahahaa
(viu, nada a ver, mas já votou na minha enquete?)
Octávio: Vou dar outra passada no teu blog pra conferir sua obra! Legal ter passado! Incômodo nenhum!
ResponderExcluirLu: Pois é, hehehe... Eu tava passando na rua, vi uns abacates estourados no chão e comecei a imaginar torpedos de abacate. Achei a idéia tão absurdinha que não resisti a escrever uma historinha pra isso.
Vou passar no seu blog agora pra ver a enquete.