terça-feira, 10 de junho de 2008

Disseram de mim, certa vez, que eu sei (e tento porque tento ensinar a) amar incondicionalmente, como fazem os bichos; porque, no fundo, eu queria de verdade era ter nascido bicho.

Uma musiquinha que eu escutava quando era moleca dizia umas coisas assim: meu amor não tem dinheiro, ele é forte e acredita. Meu amor não tem poderes, ele é forte e acredita. Meu amor não tem fama, ele é forte e acredita. Meu amor não tem dinheiro, ele é forte e acredita. Cada vez mais, toda gente só quer mais. Amor e liberdade é o que busca o meu amor.

Eu sei que não me importa dinheiro, ou fama, ou poder nenhuns. Mas acho que não sei nada, nadinha mesmo, sobre amar incondicionalmente. E sei menos ainda de os bichos amarem assim. Mas – isso sim – eu tento porque tento...

Mas não sei, não sei... Amar acima de quaisquer decepções, acima de quaisquer sexos, acima de quaisquer vidas... Amar assim tá mais pra “amor platônico”: aquele amor que transcende o fato de o objeto amado ser ou estar vivo... Transcende qualquer coisa, na verdade, um verdadeiro amor incondicional, uma verdadeira neurose.

Conheço gente que ama desse jeito, mais de uma pessoa inclusive, mas nenhuma delas faz o tipo de-bem-com-a-vida. É sempre aquela cosia tensa, saudosista, que vive num passado ou num futuro, mas nunca o presente, aquela coisa sem prazer... Ai-ai, mas é legal... Essa gente vai pro céu quanto morrer...

Cinismos à parte, nada disso de amor incondicional tem a ver comigo. Definitivamente.

11 comentários:

  1. acho que cachorros amam incondicionalmente, mas não sei de outros bichos que amam assim, aliás nem deve ter muitos outros bichos que amam.
    mas gente que ama incondicionalmente... não é meio burro, amar assim? talvez um parente... sei lá.

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  2. burro por ser arriscado, digo. tipo, se você SE ama bem, não vai amar alguém INcondicionalmente...

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  3. Pois é... Sei lá... Eu não acho que as pessoas amem incondicionalmente, salvo se têm problemas afetivos... Tipo, o caso do amor platônico que aí eu falei: mó neura do caralho! Você ama uma idéia e não uma pessoa.
    Sobre os bichos eu evito falar. Uma vez eu li uma coisa que o Machado escreveu: que não falava com eu-poetico feminino porque não entendia nada da alma da mulher. Eu sempre achei o Machado um velhinho muito sábio e não falo sobre os animais porque não sei nadinha deles. Já tive milhares de bichos e me dei bem com quase todos. Mas realmente não sei se os que me tinham mais afetos me amavam incondicionalmente.

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  4. É... eu digo que o amor depende de três coisas normalmente: respeito, companheirismo e reciprocidade. A reciprocidade na verdade é uma coluna que, se arrebentada, o amor não resiste. E ela pode acabar sustentando falha das outras, mas é aquilo, nunca será a mesma coisa. O problema está aí no que você reforçou no seu comentário, as pessoas acabam amando uma idéia, e a reprocidade da idéia delas com o ser amado pode ser eterno, e aí ficam presas pra sempre nesse chamado amor incondicional. Neurose foi a definição perfeita pra isso.

    Ótimo texto!

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  5. Obrigada, André. É isso aí mesmo, a idéia é bem essa.

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  6. tem um pedido pra você lá na minha casinha.
    :*

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  7. Na próxima reencarnação quero nascer gato...
    www.escrevalolaescreva.blogspot.com

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  8. Sim, Lola!, se eu houver, eu tb quero!!! Amo gatos!!!

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