quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O mundo é um moínho...

Ainda é cedo, amor


nem começaste a conhecer a vida...





Eu tenho ouvido continuamente 70% dos meus amigos refletindo, muito gravemente, sobre crescer, envelhecer, virar adulto, sei lá mais o que... O 30% que não fala disso já passou dos 40 há algum tempo; os tais 70% são da minha geração, alguns um pouco mais velhos, outros um pouco mais novos. É curioso: as questão são sempre parecidas: ter uma profissão (em contraposição a ter um trabalho de caráter temporário) ou mesmo começar a trabalhar pela primeira vez; casar ou arranjar um relacionamento estável; ter a própria casa, abandonar a dos pais; conseguir o diploma logo de uma vez...


Sabem, eu já pensei em todas essas questões. Tenho um emprego estável há anos, saí da casa dos meus pais também há anos, já estive casada no papel, já me formei. Na verdade, a formatura foi o que mais tardou, mas assim mesmo: nunca peguei DP, me formei em 5 anos, tempo normal pra um estudante que trabalha em período integral.





Sabem o que isso significa? Vou falar pra você... Não é que ganhei tempo, com relação aos meus amigos da minha geração, é que perdi algumas coisas muito boas... Enquanto a galera saía, eu estava estudando, eu estava trabalhando... Enquanto a galera namorava, eu estava estudando, eu estava trabalhando... Enquanto a galera ria, aprontava, tomava o primeiro porre, fumava o primeiro baseado, viajava hippongamente, transava a pela primeira vez, hahaha!, eu estava estudando, eu estava trabalhando...


Mas que legal! Entrei na USP sem cursinho, já sei uma profissão, já casei? E o que ganhei com isso? Porra nenhuma! Desisti da minha primeira faculdade, já estou separada, já não quero o emprego que tenho... Vou fazer prova para entrar no mestrado (apressadinha, como sempre) e estou certa de que não vou passar – já me conformei.


Não ganhei tempo nenhum com toda minha pressa de viver feito adulto. A posição em que estou vai ser alcançada (ou já está sendo) por todos os meus amigos, muito brevemente. O que eu tenho agora, todo mundo vai ter. O que eles tiveram, eu não posso mais...


Já me sinto cansada demais pra virar na balada, já sou enjoada demais pra me jogar em qualquer viagem, já me tornei preservacionista demais com relacionamentos... Não tenho mais como correr atrás da adolescência que não tive...


Essa postagem deve ter ficado mais melancólica do que era a minha intenção ao escrevê-la. Quem ler pode pensar que sou meio tristonha, amarga pelo tempo perdido... Talvez eu seja e não perceba, já que esse pensamento muito raramente me aparece. O fato é que tenho muitas neuroses, mas se essa for uma, não tou sabendo.

11 comentários:

  1. se eu olhar pro meu passado tmb vou ver as mesmas coisas q vc, estudando e trabalhando, enquanto os amigos estavam fumando, bebendo, trepando, e gastando a grana dos pais... e olhando pro hj eu sou uma das únicas q posso dizer q não me arrependo do rumo q tomei, deixei de curtir, mas hj tenho algo meu e não posso reclamar...

    tenho amigos q perderam muito tempo e hj são nada... continuam na mesma, com o agravante q não tem mais papai pra pagar as contas...

    beijos

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  2. Para de fazer manha, você é mais novinha que eu, menina, e já viveu várias experiências que ainda não tive. Ah, você vai passar na prova sim!

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  3. eita.. eu tb não aproveitei essa adolescência toda, não fiquei nem trepando, nem bebendo, nem festando (as duas ultimas pq não gosto na verdade).

    Mas isso não é o que importa. Se não festou, vc teve das suas, também evoluiu no teu caminho. Esse crescimento pode parecer muito diferente, dependendo de que critérios vc escolhe. E em alguns, como a sentimental bem disse...

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  4. Johnny: eu tb, lindo!!! Não te esqueci não. Deixa passar minhas confusões todas q a gente marca uma breja.

    Sentimental, Bob e Psico: ah, eu não acho que tou melhor que o resto da galera não... Realmente não tou. Tb não tou pior. Mas eles tão juntim comigo, tendo sido crianças e adolescentes no tempo certo. Ok, já fiz umas coisinhas, mas queria ter feito muito mais, muita coisa que hj eu não tenho tesão. Algumas coisas só valem numa certa fase da vida... Ai-ai!

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  5. Nossa Lia, me identifiquei demais com esse seu post. Talvez eu tenha sido até mais exagerada que vc. Queria não só ser adulta rápido como ser a melhor em tudo. Fiz duas faculdades e trabalhei o mesmo tempo, casei cedo, fiz estágios e trabalhei em empresas ultra-competitivas que sugavam meu sangue. É ruim porque a gente se anula, esquece dos próprios desejos, para fazer uma coisa que a família, os amigos e a sociedade admira, bate palmas.
    Parei com isso quando fiquei bem doente, com uma depressão brava, e tive que mudar radicalmente minha maneira de viver (reconhecendo e vivendo meus desejos). Hj tô mais feliz e não rola essa melancolia. Afinal de contas a gente é nova, né linda? Tá, não aguento virar noites nas baladas, mas dá pra fazer tudo o que eu quero.
    Um beijo!

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  6. Dama, minha lidinha! Pois é... O que rolou comigo é que minha mãe me cobrava isso de ser adulta logo e ser uma adulta exemplar... Um saco! E como eu, nessa época, lutava muito por construir minha imagem junto a ela, já viu, né? Pelo visto, a gente tem isso em comum sim, eu, vc e a C tb, não?
    Bjos!!!

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  7. ué, eu tinha comentado aqui, ontem. aí hoje vim ver se vc respondeu e meu comentário sumiu! pôxa, lia :~

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  8. Mas se vc adiantou coisas que os seus amigos estão vivendo agora, pelo menos já sabe o que não dá certo, coisas que eles só vão saber mais tarde... vc teve coragem de quebrar a cara logo cedo pra começar a acertar mais cedo tb.

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  9. Aliás, o que falta hoje é gente com coragem de quebrar a cara. bjos!

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  10. Lu: desculpa linda. Não foi por mal. Te explico por e-mail o que aconteceu. Mas respondo agora: Não acho que fiz essas coisas todas que vc falou menos do que um adolescente faria. Mas eu queria ter começado a fazer muitas delas enquanto ainda era adolescente. Não acho ruim minha vida de agora, mas teria sido uma jovenzinha menos triste no passado se tivesse tido um pouco mais de liberdade.

    Cris: é, de fato eu já quebrei um tanto de cara sim... Hahahaha! :-)

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