Fatal é a mulher que não pensa pra dar uma resposta como essas:

_... Então... você está sempre no controle, né?

_Não, nem sempre... Às vezes eu durmo!

Esse foi um diálogo entre minha amiga e um outro amigo que ela tem. Quando me contou eu tive de rir. Fazer o que mais diante de uma expressão tão pretensiosa? Mas a verdade é que ela estava certa: sempre mantinha o controle das situações que vivia. Não que ela consiga sempre fazer com que tudo saia como ela quer, mas ela sempre consegue fazer com que as coisas que ela não quer nunca aconteçam. Certo, mulher fatal é assim.

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Mulher fatal? Quando eu era moleque, achava que mulher fatal era aquela toda poderosa, sexy, enganadora, manipuladora e má. Lembram-se do filme Instinto Selvagem? O personagem da Sharon Stone ali descreve perfeitamente o que eu pensava ser uma mulher fatal. Mas eu fui crescendo e descobri que mulheres desse tipo são solitárias, frágeis, cansativas e terrivelmente irritantes. Aos caras que passam um rodo, elas devem ser boas pra uma ou duas noites, talvez uma paixão breve. Então essa não pode ser a mulher fatal, porque a legítima deve ser aquela a quem a gente não esquece mais.

Entre as mulheres que eu conheço, mulheres da vida real, havia algumas que, depois de um olhar mais cuidadoso percebi que era fatais. São diferentes umas das outras, mas têm algumas características comuns: belas, maduras, femininas, bem arrumadas (cada uma ao seu modo), independentes e sensuais.

Entre elas há uma especialmente fatal. É a amiga cuja fala eu reproduzi aí acima. Ela tem olhos de gata, não por serem belos, mas por uma atenção minuciosa, embora muito rápida que dá a tudo o quanto olha. É sempre gentil e firme ao mesmo tempo. Sabe quando deve ceder ou se impor. Nunca se deixa enganar, mas finge se supuser necessário. Tem o corpo bem cuidado e se veste de forma a parecer muito acessível. Sim, ela é muito gostosa, muito cool, um pouco distante, às vezes blasé. Os amigos que tem em comum com seus amantes geralmente acham que ela não é apaixonada, que não gosta de ninguém: é sólida como uma rocha, intangível, intocável – por mais que se deixe tocar.

Mas é que eles não a conhecem como eu. Existe um coração por trás do lindo par de seios. Um coração forte, muito cansado de sofrer, mas que nunca desiste do amor. Coração fervente para aquecer o corpo regido por uma mente fria. Coração tão grande que mal lhe cabe no peito. A mulher fatal está sempre no controle porque sabe ouvir o que as pessoas têm a dizer sobre seus medos, seus receios, seus sonhos. Ela entende e procura satisfazer quase todo mundo – na medida em que isso não lhe cause problemas. E é por isso que seduz, é inesquecível, é apaixonante.

Essa de quem falo não é, definitivamente, a mulher mais bonita que já vi, ou a mais poderosa. Mas é nela que eu vou pensar no meu último dia de vida: ela é fatal.