terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

eu e ela

Eu chego em casa tarde da noite; ela se aprochega a mim na hora. Eu tou levemente embriagada, mas pra ela, tudo igual. Eu sinto uma fome ligeira, como qualquer coisa, fumo um pouco... Ela sempre perto. Daí, eu noto; ela nota que notei, se estica toda, me toca com as grandes unhas... Eu gosto. Gosto muito. Fico olhando pra ela, a conformação pequena do seu corpinho, a vozinha fina... Tão lindinha! Tão completamente desejável! Quero te-la entre as mãos, pego-a no colo, abraço forte, sorrio... Mudo a voz pra falar com ela, uma cena quase patética. Não dava pra resistir, nossa! Rio... e desmancho o sorriso: ela resmunga, se debate. Não queria estar nos meus braços, não queria não. É o que me dizem seus cristalinos grandes olhos, olhos de bola de gude (nunca houve ou haverá algo tão azul).

Mas eu queria! Queria tanto! Poderia dominá-la com um golpezinho físico muito simples... Ela não revedaria de forma alguma, se não com seu terrível olhar blasé. Mas há ferida pior que um olhar assim? Cá comigo, acho que não. Deixo-a ir, ela me pula do colo de imediato e se põe a roer ração, não se volta a mim... Sim, é bonitinha... Linda!

Instantaneamente me lembro de mim, de coisas que gente que amei me fez... Achar-me linda bem do meu jeito - insolente, deselegante, livre – e então querer-me entre as mãos, apertar-me forte... E eu sem fôlego, sem paz, sem a menor paciência, com cara de tédio... E correndo pra qualquer lado quando era solta. É mau! Não se pode segurar ninguém entre as mãos: nem uma pessoa a um gato, nem um homem a uma mulher.

Penso por um tempo, mudo de idéia, passam-se minutos... Ela volta, bela, faceira, miando, serpenteado por mim todinha. Quer o meu colo agora, e por livre exercício da vontade. Eu a amo por isso, ela me ama em retorno.

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