p.o.s.u.t.o.p.i.a

"...Trocando em miúdos, pode guardar

As sobras de tudo que chamam lar

As sombras de tudo que fomos nós

As marcas de amor nos nossos lençóis

As nossas melhores lembranças...

Aquela esperança de tudo se ajeitar

Pode esquecer

Aquela aliança, você pode empenhar

Ou derreter..."

Sair de casa é sempre uma coisa foda, não importa se a gente é expulso ou se sai espontâneamente. Sair de casa é deixar uma vida pra trás. Eu hoje estou, definitivamente, deixando a minha...

Estou deixando sim e as questões práticas são de amargar: separar o que eu preciso, o mínimo necessário pra começar outra vez. Dois jogos de roupa de cama e banho, dois jogos de talheres e panelas e outros poucos assessórios de cozinha, os quadros, os livros... Dividir os livros e os CD's, os DVD's que compramos juntos...

Ouvir nossa gatinha miando, desesperada, correndo atrás de mim pra-lá-e-pra-cá, me pedindo pra ficar, enquanto eu empacoto e encaixo tudo... Foi foda! Ela sempre me quebra as pernas... Meu corpo está acabado como se eu tivesse tomado uma surra... (Surra de meu coração cigano... Isso dava letra de bolero, né? Só faltou a gardênia...)

Eu tinha medo. Agora estou lamentosamente conformada. Não muito o que fazer, chegou aquela hora em que resta lembrar e sentir e lembrar e sentir... E pensar também que um dia, tudo isso vai passar... Porque verdade inerente à vida é que tudo passa - até uva passa!