quarta-feira, 14 de maio de 2008

Do trabalho (ou Das inversões conceituais ou ainda Da pequena utopia antineoliberal)

Um homem se humilha, se castram seus sonhos

Seu sonho é sua vida... E a vida é trabalho

E seu o seu trabalho um homem não tem honra.

E sem a sua honra, se morre, se mata...




...E eu sou uma má funcionária... Pois é, uma funcionária bem medíocre mesmo! Coisa de louco, rapaz! Não que eu me orgulhe disso, não é o caso. Ser um trabalhador medíocre implica em ter um cargo medíocre até o fim da vida... e isso é meio mau!

Em contrapartida, ser um funcionário medíocre também não implica em ser uma criatura medíocre. Significa apenas que eu não tenho características que sejam adequadas pra o tipo de serviço e de socialização necessária.

Essas características são assim: você precisa ser um cara bastante subserviente – o que não é o meu caso. Você também tem que ser muito pouco questionador (questionar não ajuda em nada a mudar quadro nenhum: a estrutura é fixa, sempre foi. Questionar enche o saco de todo mundo e causa neurose em quem questiona). Você precisa ser extremamente político (mas não acepção que pede mudanças na pólis pra que ela seja um lugar mais adequado possível ao coletivo). Você precisa saber ser um verdadeiro tirano em certos cargos e o mais democrático em outros; libertário, jamais. Ou seja, você tem que ser o indivíduo mais mediano que puder, ou pelo menos fingir que é.

Não que todo mundo aqui seja desse jeito, mas de uma forma geral, o funcionalismo público premia e estimula as limitações, as despersonalizações, as padronizações, como eles gostam de falar.

E eu, que estudo justamente a valorização da diversidade, que me esforço tanto quanto possível pra ver as pessoas em sua particularidade, eu que sou malcriada e criadora-de-caso, eu que tou sempre tentando inverter a porra da mais-valia... Ah!, meu povo!, eu não podia ser menos adequada ao serviço que presto. Eu não podia ser funcionária mais medíocre.

4 comentários:

  1. é verdade.
    mas pelo menos você dá uma aliviada no dia a dia do povo que precisa ter com vc, porque além de não ter a disposição e a personalidade pra ser funcionária pública, vc tbm não tem o physique ;)
    sem querer mudar de assunto... e não que você deva procurar uma profissão mais compatível com isso, porque aí vai ser dançarina de buatchi chique, e também não tem a personalidade muito pra isso não. hehehe

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  2. Olha, sabe que não seria má idéia!? Se eu tivesse uma estabilidade garantida e se ninguém forçasse a barra pra eu virar putona logo-duma-vez, eu bem que iria! Era muuuuuuuuuito mais a miha cara! Hehehehehe! ;-))

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  3. Pois é, Lia... o fato é que as pessoas levaram essa maneira mediana de ser ou de fingir ser pra todos os campos de suas vidas... Sentem pela metade, ajudam pela metade, saem com amigos e familiares pela metade... =/

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  4. Putz, Andrezinho, realmente, essas coisas têm rolado mesmo, quer dizer, eu tenho visto gente sendo assim. Por minha parte, tento não deixar que isso aconteça comigo. Sou sempre muito intensa... Acho...

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