Histórias da pequena burocrata

Nunca subestime o poder do carimbo!

 

 

As pessoas costumam odiar os burocratas. Não sem razão: eles de fato são foda! Geralmente representam a esfera mais baixa do poder (e esse é o meu caso). Mas, como poder é poder, se quiserem, podem te atrapalhar muito. Ajudar já é mais difícil: se o burocrata é decente, o máximo que ele pode fazer por você é ser legalista. Acontece que, do jeito que as estruturas burocráticas são, ser legalista é 90% das vezes ser um mala!

 

Mas não tem o que fazer. Tem que fazer como está no regulamento pra não ter problema mais tarde. Sabe aquela coisa jurídica de negligência-imprudência-imperícia? É um fantasminha que paira sobre a cabeça de todo burocrata. Muito se esquecem e acabam vacilando. Foi o caso do meu velho pai. Muitas vezes não dá em nada, mas pode acontecer de uma bobagenzinha foder a porra toda... Meu pai pegou um processinho de cem mil reaizinhos. Adivinha quem está correndo com a papelada pra se livrar até hoje? Sim, essa que vos posta!

 

Casos pessoais à parte, o que eu disse sobre burocratas quase todo mundo já sabe. O que a galera nem sempre sabe ou lembra é que burocracia não é um facilitador da política, por incrível que possa parecer. Mais das vezes ela é mesmo um entrave. Num corpo burocrático, os ditos cargos de confiança, assessores e coisa e tal, existem pra ajudar os políticos a achar caminhos na burucracia pelos quais se possa fazer passar um projeto ou qualquer outra coisa. Sim, porque os concursados, os de carreira mesmo, não têm nada a perder em dizer NÃO a políticos (e NÃO geralmente é a resposta mais fácil a se dar). Por chatisse ou honestidade, se o burocrata quer fazer segundo a lei, vai dizer NÃO a rodo.

 

No meu setor, a gente tenta sempre ser bem legalista. Pedir jeitinho, favor, quebra-galho não é boa idéia. Fazemos como deve ser feito, com a maior imparcialidade possível. Isso às vezes gera cada estresse! Mas tudo bem: temos ao menos a certeza de que nunca ninguém vai rodar. Coisa que a gente já fez foi, em dia de eleição, mandar o prefeito embora pra casa, porque ele não estava munido, no ato da votação, nem de RG, nem de título. E foi legal, porque agora quando pedem as coisas, a gente já diz: “desculpe, se até ao prefeito a gente já disse NÃO, não teria porque se arreganhar pra outra pessoa...

 

Rá!