Eu fiquei sabendo, por via do Freire, que sem tesão não há solução. Cheguei cedo à conclusão de que era bem verdade isso. Mas vou falar: tem verdade que dói!
Pois é, essa aí, a do tesão, é um típico caso de verdade que dói. Eu demorei muito tempo pra aceitar. Imagina: você olha pra si mesmo, pede a alguém que olhe pra você e consegue aprovação de ambos. Mas aí, naquele momento que que você precisa de si, alguma coisa acontece... Ou melhor, não acontece N.A.D.A.
Minha primeira brochada foi com punheta. Eu queria bater uma punheta pensando numa menina que eu achava demais... Mas não deu não... Fiquei pensando nisso, pensando longamente. Tudo bem, tão longamente quanto um garoto de 13 anos é capaz... Mas enfim, depois de muito pensar, conclui que a brochada talvez se devesse ao fato de eu ser gay. Logo me irritei com essa idéia, não porque tivesse algum nojinho, mas porque não tinha a menor vontade de ser zoado no colégio. Mas quis sabe assim mesmo... Peguei um busão até o bairro vizinho e comprei umas revistas de homem pelado (é que não tinha nenhum cara que eu conhecia e achava interessante pra uma homenagem tão íntima). Fiquei olhando aquele monte de homem gostosão, fazendo caras e bocas... É, se eu fosse bicha mesmo, não eram aqueles os caras da minha vida. Tentei punheta muito arduamente, pensando nas coisas mais variadas... Tudo em vão.
Fiquei meio chateado, mas fui tentar resolver com o cara mais autorizado a essas coisas, um médico - é a melhor opinião alheia a se pedir nessas horas, né? Ele me examinou de tudo quanto foi jeito e disse a coisa que mais eu amo ouvir de sua classe: "sua saúde é perfeita; o problema é psicológico"- cara, ouvir uma coisa dessas é brochante até pra um cara como eu; significa que é um problema que você não conhece, que nunca soube a respeito, que nunca te incomodou, mas que está ali e sempre esteve. Vai resolver como, né?
Começou então uma fase de humilhação na minha vida... Por que, claro, né, eu tinha que tentar de tudo... Paguei umas 4 putas diferentes, das quais acabei ficando amigo (sendo uma delas amiga até hoje) de tanta pena que elas tiveram de mim. É sim, na época eu achava humilhante que uma puta tivesse pena de mim. Mas o pior foram as namoradas... Duas me marcaram a ferro a alma. Uma delas eu namorei por um ano e tive de terminar quando ela forçou a barra pra transar. Ela queria perder o cabaço comigo, queria de qualquer jeito. Ficou louca quando eu disse que não podia, que tinha uma condição muito particular. Quis resolver a todo custo, mas nada... Terminei porque já não agüentava - me senti quase estuprado em certos momentos. A outra, essa foi muito pior. Ela era linda demais e me quis por capricho (não tem outra explicação). Ela quis sair comigo, eu recusei - por causa dessa coisa de brochar, né - e ela começou a usar todo seu engenho pra me seduzir. Acabei não resistindo. Nem dois mesinhos e ela já queria transar. Mas essa não era como a primeira, essa era experiente e muito sensual... Eu gostava, claro, mas meu corpo não respondeu. Pois é... Ela ficou tão zangada! Eu pedi desculpa, disse que talvez eu não estivesse muito bem e tal... E de repente, ela começou a me zoar fortemente, dizendo coisas que não devia... Eu respondi o que não devia também ("se você fosse excitante, eu estaria excitado") pronto! Comprei ódio pra deixar de herança até minha 5ª geração.
Desde esse dia até hoje se passou muito e muito tempo - o tempo passou, mas não a pau-molecência. O que decorreu nesse entremeio eu vou contando aos poucos - não tenho pressa pra nada nessa vida. Vou só dizer que me acostumei bem à condição de brocha e que faz tempo que não tento nada com ninguém.